COMBATE À SOLIDÃO URBANA

ALGUNS ANOS, NÃO MUITOS VERIFICOU-SE QUE AS PESSOAS TINHAM DIAS DE VIDA ACTIVA, COM HISTÓRIAS ÚNICAS E ENCANTADORAS PARA CONTAR ÀS NOVAS GERAÇÕES OU MESMO À FAMÍLIA MAIS OU MENOS NUMEROSAS QUE DESENCADEIAM FACE AOS DIAS DE HOJE E Á VIDA DOS NOSSOS TEMPOS, LUGAR A UMA SOLIDÃO DISFARÇADA ENTRE QUATRO PAREDES. OS IDOSOS PORTUGUESES ESTÃO CADA VEZ MAIS SOZINHOS, COM O CENÁRIO A  AGRAVAR-SE PARA QUEM VIVE NAS GRANDES CIDADES

Há idosos portugueses que vivem sozinhos. Idosos abandonados em hospitais, em lares de terceira idade ou, muitas vezes, nas suas próprias casas. Idosos que deixam para trás uma vida esquecida por todos e que, com o passar do tempo, se vai tornando cada vez mais difícil.
Na realidade, os nossos idosos são dos que têm menos condições para aproveitar a velhice com qualidade, face à média da União Europeia. Apesar de viverem o mesmo tempo, têm menos dinheiro e menos anos de vida saudável. Mas o problema vai muito além das questões monetárias, situando-se a um nível mais pessoal.  Nos grandes centros urbanos, a solidão na velhice é uma realidade especialmente difícil de combater.
Um problema que se agrava em Lisboa, uma das cidades mais envelhecidas do País, com 36,6% dos agregados a serem constituídos por pessoas com mais de 65 anos e muitos idosos a viverem sozinhos. Uma solidão que, como o próprio nome indica, conduz “a um isolamento da realidade, um isolamento das relações interpessoais” e, até, a um isolamento dos problemas do idoso, como “a diminuição da ingestão alimentar, o que condiciona o aumento da vulnerabilidade às doenças”, explica Dora Lemos Sargento, assistente hospitalar de Medicina Interna do Centro Hospitalar Lisboa Norte— Hospital de Pulido Valente.
A médica, também assistente da Faculdade de Medicina de Lisboa, no âmbito da cadeira de “Introdução às doenças de envelhecimento”, assegura ser frequente, nestes casos, “o médico tornar-se o ombro amigo”, muito devido à solidão e ‘à necessidade da pessoa ser ouvida, acarinhada e compreendida”. Na realidade, o clínico acaba, muitas vezes, por ser “uma pessoa em quem o doente confia”, respeitando as suas opiniões “e a quem dedica muito do seu tempo”, salienta ainda flora Sargento.
 

Para criar novos laços de proximidade na comunidade e ajudar a diminuir o peso desta solidão,instituições como o Montepio tem vindo a apoiar diferentes entidades e ações. A ‘Associação Coração Amarelo” e, mais recentemente, o “Projeto Mais Proximidade, Melhor Vida’, são dois exemplos apontados por Paula Guimaràes, responsável pelo Gabinete de Responsabilidade Social do Montepio.
Este último começou por fazer ‘o diagnóstico das necessidades das pessoas idosas que residem nas freguesias de São Nicolau, Madalena e São Cristóvão! São Lourenço”, na Baixa de lisboa, adiantou Maria de Lourdes Miguel, que integra o «Projeto Mais Proximidade, Melhor Vida’. O próximo passo, envolve a garantia de um apoio domiciliário entre outros, efetivo a essas pessoas, assim como o seu acompanhamento. “O objetivo é criar uma rede de proximidade e vizinhança baseada no voluntariado, algo que permita tornar as pessoas menos sós”, complementa Paula Guimarães, sem deixar de realçar que “este é um processo de sedução lenta, já que as pessoas são cépticas ao apoio institucional”.
O «Mais Proximidade, Melhor Vida’ apoia, para já, 72 idosos nas três freguesias onde actua, “mas pretende continuar ao longo da Baixa da cidade, englobando ainda mais freguesias e assegurando que cada idoso passa a contar com um planeamento individual através do qual se percebe “aquilo de que realmente precisa”, explica Maria de Lourdes Miguel.
 
Entre as ações programadas contam-se “Tertúlias em Casá”, “sessões de grupo quinzenais” ou “pequenos passeios de lazer individuais”. Maria de Lourdes Miguel diz existir, ainda, “um serviço parecido com as visitas domiciliárias, mas através do telefone” e “atividades mais ligadas à área da saúde, através das quais se apoia o cidadão idoso a adquirir os seus medicamentos, a pedir deslocações do médico de familia ou no acompanhamento às consultas”.
A alimentação não foi esquecida, cabendo num terceiro plano de intervenção que integra, também, as obras em casa. Neste caso, “os voluntários fazem pequenas remodelações consideradas necessárias”.
Combate solidão
COMO?
Participe ativamente na vida diária dos seus pares, como os seus filhos, netos ou amigos.
‘Participe em atividades lúdicas na área da sua residência
•Garanta a interação em projetos de prestação de cuidados aos outros na sua área
Procure fazer as suas compras e, sempre que possível, passeie.
Visite os amigos.
Participe em atividades físicas e de voluntariado.
 

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